Ouviu, então, a retumbante voz do leão que dizia:
- Senhor! Passou a noite toda aqui?
Bastian levantou-se e esfregou os olhos. Estava sentado entre as patas do leão; a grande face do animal olhava-o, e o olhar de Graograman estava cheio de espanto. Sua pelagem continuava negra como o bloco de rochedo sobre o qual estava deitado, mas seus olhos faiscavam. Os archotes do teto ardiam novamente.
- Ah!, balbuciou, pensei . . . pensei que você tinha se transformado em pedra.
- E tinha, respondeu o leão. Morro todos os dias quando cai a noite e acordo outra vez todas as manhãs.
- Pensei que era para sempre, explicou Bastian.
- Cada vez é para sempre, replicou Graograman de forma enifmática.
Levantou-se, espreguiçou-se e correu de lá pra cá na caverna, à maneira dos leões. Sua pelagem de chama começou outra vez a brilhar com as cores dos mosaicos coloridos. De repente, parou e olhou o rapaz.
(. . .)
- Você fica sempre sozinho?
O leão parou novamente, mas desta vez não olhou para Bastian. Manteve a cabeça voltada para outro o outro lado e repetiu com uma voz de trovão:
- Sozinho . . .
A palavra ecoou na caverna.
- Meu reino é o deserto. . . e o deserto é também minha obra. Para onde quer que me volte, tudo que está ao meu redor se trasforma em deserto. Trago o deserto comigo. Sou feito de fogo mortífero. Como poderia ter outro destino que não fosse uma perpétua solidão?
Bastian calou-se perturbado.
- Mas o senhor, que traz o Signo da Imperatriz Criança, pode me responder: por que tenho que morrer quando cai a noite?, continuou o leão, aproximando-se do jovem e olhando-o no rosto com seus olhos de fogo.
- Para que Perelim, a Floresta Noturna, possa brotar do Deserto das Cores, disse Bastian.
- Perelim?, repetiu o leão. O que é isso?
Bastian falou-lhe então das maravilhas da selva de luz viva. Enquanto Graograman o escutava imóvel e espantado, descreveu-lhe a variedade e a magnificência das plantas luminosas e fosforescentes que se multiplicavam incessantemente, seu crescimento contínuo e silencioso, sua beleza sem par e seu tamanho espantoso. Falava como se estivesse encantado e os olhos de Graograman brilhavam com uma luz cada vez mais clara.
- E tudo isso, concluiu Bastian, só pode acontecer enquanto você está transformado em pedra. Mas Perelim devoraria tudo e se asfixiaria a si mesma se não morresse e se desfizesse em pó todos os dias quando você acorda. Perelim e você, Graograman, são dois aspectos do mesmo todo.
( Livro: A História Sem Fim - Michael Ende)Bastian levantou-se e esfregou os olhos. Estava sentado entre as patas do leão; a grande face do animal olhava-o, e o olhar de Graograman estava cheio de espanto. Sua pelagem continuava negra como o bloco de rochedo sobre o qual estava deitado, mas seus olhos faiscavam. Os archotes do teto ardiam novamente.
- Ah!, balbuciou, pensei . . . pensei que você tinha se transformado em pedra.
- E tinha, respondeu o leão. Morro todos os dias quando cai a noite e acordo outra vez todas as manhãs.
- Pensei que era para sempre, explicou Bastian.
- Cada vez é para sempre, replicou Graograman de forma enifmática.
Levantou-se, espreguiçou-se e correu de lá pra cá na caverna, à maneira dos leões. Sua pelagem de chama começou outra vez a brilhar com as cores dos mosaicos coloridos. De repente, parou e olhou o rapaz.
(. . .)
- Você fica sempre sozinho?
O leão parou novamente, mas desta vez não olhou para Bastian. Manteve a cabeça voltada para outro o outro lado e repetiu com uma voz de trovão:
- Sozinho . . .
A palavra ecoou na caverna.
- Meu reino é o deserto. . . e o deserto é também minha obra. Para onde quer que me volte, tudo que está ao meu redor se trasforma em deserto. Trago o deserto comigo. Sou feito de fogo mortífero. Como poderia ter outro destino que não fosse uma perpétua solidão?
Bastian calou-se perturbado.
- Mas o senhor, que traz o Signo da Imperatriz Criança, pode me responder: por que tenho que morrer quando cai a noite?, continuou o leão, aproximando-se do jovem e olhando-o no rosto com seus olhos de fogo.
- Para que Perelim, a Floresta Noturna, possa brotar do Deserto das Cores, disse Bastian.
- Perelim?, repetiu o leão. O que é isso?
Bastian falou-lhe então das maravilhas da selva de luz viva. Enquanto Graograman o escutava imóvel e espantado, descreveu-lhe a variedade e a magnificência das plantas luminosas e fosforescentes que se multiplicavam incessantemente, seu crescimento contínuo e silencioso, sua beleza sem par e seu tamanho espantoso. Falava como se estivesse encantado e os olhos de Graograman brilhavam com uma luz cada vez mais clara.
- E tudo isso, concluiu Bastian, só pode acontecer enquanto você está transformado em pedra. Mas Perelim devoraria tudo e se asfixiaria a si mesma se não morresse e se desfizesse em pó todos os dias quando você acorda. Perelim e você, Graograman, são dois aspectos do mesmo todo.
4 comentários:
Um otimo texto querida amiga .
Voltarei e te desejo um lindo domingo
Eu amei teu blog! é tão! tão! tão "caixinha da andressa" xD bjus!
Que lindo, tudo muito lindo, blog e texto. Parabéns! Beijos
Andressa, estás cada vez mais aperfeiçoando os teus blogs. Eles estão belíssimos. Parabéns! Beijão
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