domingo, 20 de maio de 2012




"Volte!", chamou a Lagarta. "Tenho algo importante a dizer!"

Isso parecia promissor, sem dúvida. Alice virou-se e voltou para perto do cogumelo.
"Não perca as estribeiras", disse a Lagarta.
(Alice's Adventures in Wonderland - Lewis Carroll)


Ilustração de Arthur Rackham

sábado, 28 de abril de 2012




"Tão novata sois ao mundo, que o ignoras? - Respondeu Sancho. - Pois sabei, irmã, que cavaleiro de aventuras vem a ser um sujeito que em duas palhetadas se vê desancado e imperador. Hoje está a mais desditada criatura do mundo, e a mais necessitada, e amanhã terá duas ou três coroas reais para dar ao seu escudeiro." 

(Dom Quixote de La Mancha - Miguel de Cervantes)

Ilustração: Gustave Doré

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Amor felino

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Exposição - Ilustração: Arte de Narrar


Para quem ainda não viu, está acontecendo na Pinacoteca Barão de Santo Ângelo, no Instituto de Artes da UFRGS a exposição de ilustração, vai até dia 11 de novembro!

A Pinacoteca fica aberta das 10h às 18h.

Exposição: Ilustração: Arte de Narrar
Visitação: de 22 de setembro a 11 de novembro de 2011, de segunda a sexta, das 10 às 18h
Local: Pinacoteca Barão de Santo Ângelo do IA/UFRGS ( Rua Senho dos Passos, 248, 1o - primeiro - andar)
Ingresso: Entrada Franca
Curadoria: Patricia Bohrer, Laura Castilhos, Rodrigo Nuñez e Maíra Coelho.

"A principal atividade é a exposição "Ilustração: Arte de Narrar", sob a curadoria de Laura Castilhos, Rodrigo Núñez e Patrícia Bohrer. Tem como tema a ilustração ligada à narrativa e reúne artistas oriundos do Rio Grande do Sul ou que aqui fixaram sua produção. Vai acontecer na Pinacoteca Barão do Santo Ângelo do Instituto de Artes da UFRGS de 21 de setembro a 11 de novembro. A exposição envolverá cerca de 40 artistas ilustradores, incluindo o grupo NIQ (Núcleo de Ilustração e Quadrinhos do Instituto de Artes) e um núcleo histórico do acervo do Instituto de Artes. Alguns dos artistas cujas obras foram selecionadas para a exposição são: Ana Terra, André Neves, Cristina Biazetto, Celso Sisto, Edgar Vasques, Eduardo Oliveira, Eduardo Vieira da Cunha, Fábio Zimbres, Guazzelli, Hermes Bernardi Jr, Jaca, Laura Castilhos, Luís Fernando Veríssimo, Mara Caruso, Marília Pirillo, Moa, Nara Amélia Melo, Paula Mastroberti, Pedro Alice, Pilar Prado, Rodrigo Núñez, Vit Nuñez, Tatiana Sperhacke e Teresa Poester."

Vale lembrar que essa é a minha segunda exposição coletiva que participo!

sábado, 30 de julho de 2011

Serei Curioso

Por que se identifica a coca com a cocaína?

Se a coca é tão perversa, por que se chama Coca-Cola um dos símbolos da civilização ocidental?

Se se proíbe a coca pelo mau uso que se faz dela, por que não se proíbe também a televisão?

Se se proíbe a indústria da droga, indústria assassina, por que não se proíbe a indústria de armamentos, que é a mais assassina de todas?

Com que direito os Estados Unidos atuam como policiais da droga no mundo, se os Estados Unidos são o país que compra mais da metade das drogas produzidas no mundo?

Por que entram e saem dos Estados Unidos os pequenos aviões da droga com tão assombrosa impunidade? Por que a tecnologia moderníssima, que pode fotografar uma pulga no horizonte, não pode detectar um avião que passa diante da janela?

Por que nunca foi preso nos Estados Unidos nenhum peixe gordo da rede interna do tráfico, ainda que fosse um só dos reis da neve que operam dentro das fronteiras?

Por que os meios massivos de comunicação falam tanto da droga e tão pouco de suas causas? Por que se condena o viciado e não o modo de vida que dissemina a ansiedade, a angústia, a solidão e o medo?

Se uma enfermidade se transforma em delito e este delito se transforma em negócio, é justo castigar o enfermo?

Por que não empreendem os Estados Unidos uma guerra contra seus próprios bancos, que levam boa parte dos dólares que as drogas geram? Ou contra os banqueiros suíços, que lavam mais branco?

Por que os traficantes são os mais fervorosos partidários da proibição?

A livre circulação de mercadorias e capitais não favorece o tráfico ilegal? Não é o negócio da droga a mais perfeita prática da doutrina neoliberal? Acaso não cumprem os narcotraficantes com a lei de ouro do mercado, segundo a qual não há demanda que não encontre sua oferta?

Por que as drogas de maior consumo, hoje em dia, são as drogas da produtividade, as que mascaram o cansaço e o medo, as que mantem onipotência, as que ajudam a render mais e a ganhar mais? Não se pode ler nisso um sinal dos tempos? Será por pura casualidade que, hoje, parecem coisas da pré-história as alucinações improdutivas do ácido lisérgico, que foi a droga dos anos setenta? Eram outros os desesperados? Eram outros os desesperos?

- Eduardo Galeano.

(Fonte: GALEANO, Eduardo. 1940- De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso / Eduardo Galeano: tradução de Sergio Faraco. -- Porto Alegre: L&PM, 1999. p:134-135)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Cacau: trabalho, suor e vida.

Estranho destino, o do cacau. O preço de tudo o que se produz a partir do cacau não pára de subir, o preço do cacau não pára de cair. O cacau é mais um daqueles tantos produtos cujo preço é determinado por quem jamais produziu e jamais irá produzir um só grão do fruto.

Muitas das árvores do cacau estão produzindo há mais de cem anos. São frondosas, generosas, com formas antigas como se viessem de trás dos tempos. Árvores fantasmagóricas, com estranhos desenhos, caprichos inesperados. E no entanto, delicadas: as árvores do cacau são protegidas por outras árvores enormes, árvores de frutas, porque o do cacau exige sombra e umidade, não pode enfrentar o sol, porque traz o sol em seu fruto.

Ali, debaixo da sombra, asfixiados pelo calor e pela umidade, trabalham os homens e mulheres no cacau. As árvores que protegem a planta do cacau também protegem o povo do cacau: é tão pouco o que ganha um trabalhador, que as frutas que caem das sombras protetoras ajudam em sua alimentação. E o próprio cacau mantém seus trabalhadores: o fruto aberto escorre um leite de energia, puro e doce.

As mulheres do cacau usam botinas altas, porque há muitas cobras entre as árvores. E usam panos enrolados na cabeça, quase turbantes, para se proteger dos frutos do cacau, que, cortados, despencam lá do alto.

Faz-se muito amor nas plantações de cacau. Há muitas crianças vagando naquele calor sensual e que são filhas do calor do cacau.

É festeira, a gente do cacau. No turbilhão do calor, da umidade e da sombra, a festa é íntima.

Nada é pecado no cacau: tudo é energia e vida. Um vigar que resplandece nos corpos que se buscam, furtivos e eternos, entre a umidade das árvores.

Quem põe preço nessa liberdade? Quem é escravo dessa alegria?

( Salgado, sebastião Trabalhadores: uma arqueologia da era industrial/ Sebastião Salgado - São Paulo: companhia das letras, 1996 - p: 10 - 11)

domingo, 3 de abril de 2011

Matéria sobre vegetarianismo.

Matéria interessante saiu no jornal Zero Hora de hoje, que tira um pouco das dúvidas que as outras pessoas tem sobre a alimentação vegetariana, dando algumas dicas importantes para aqueles que já aderem a dieta no dia-a-dia ou que pretende aderir.

Médico garante que não comer carne não oferece qualquer prejuízo à saúde

Para médico, o ser humano não nasceu para ser carnívoro

KAMILA ALMEIDA | kamila.almeida@zerohora.com.br

Falar em abolir o consumo de carne na terra do churrasco pode até soar como um insulto, mas é o que algumas pessoas estão fazendo. São os adeptos do vegetarianismo, um grupo que vem crescendo nos últimos anos a ponto de virar tema de estudo de especialistas. Em uma das mais recentes obras sobre o assunto, Vegetarianismo e Ciência (Editora Alaúde, 252 páginas, R$ 39), o cardiologista e nutrólogo Julio César Acosta Navarro, com 20 anos de sua carreira dedicados a descobrir os efeitos da dieta livre de produtos de origem animal no organismo, garante que abolir a carne das refeições não oferece qualquer prejuízo à saúde. Para Navarro, o ser humano não nasceu para ser carnívoro.

— Essa história de que na dieta sem carne há deficiência de proteína, vitaminas e sais minerais é mítica. Todos os alimentos vegetais têm esses nutrientes, mesmo que em níveis menores. Existem muitas formas de compor uma dieta equilibrada. Até mesmo grandes atletas adotam o vegetarianismo — diz o o médico chileno naturalizado brasileiro, que atua no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Não ingerir proteína acarreta a perda de massa muscular, fraqueza, déficit de crescimento, alterações metabólicas, cerebrais, de aprendizagem, musculares, cardiovasculares e imunológicas. Isto ocorre quando há falta de alimentos. A dieta vegetariana, segundo o médico, permite que se busque alternativas, como o próprio nome diz, nos vegetais.

O autor da obra faz apenas uma ressalva: mesmo o prato mais balanceado do vegetarianismo será carente de um tipo de vitamina. A B12 é a única que não é encontrada em quantidades suficientes em nenhum outro alimento que não tenha origem animal. Ela é essencial para o bom funcionamento do Sistema Nervoso Central. Em falta, pode causar depressão, por exemplo. Os sinais mais claros do déficit desse nutriente é memória prejudicada e fraqueza. Por isso, aos adeptos do vegetarianismo é indicada uma suplementação alimentar, que pode ser em cápsulas ou injetável.

Os especialistas consideram a discussão sobre as perdas de substâncias essenciais para o corpo com a dieta vegetariana ultrapassada. Há agora uma busca pela educação da população, já que quando se decide adotar hábitos diferentes de alimentação deve-se ter acompanhamento médico e nutricional. O segredo do sucesso já é batido, mas não custa reforçar: equilíbrio.

Para a endocrinologista Patrícia Santafé, do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), a dieta em si é saudável. O problema, conforme a médica, é que a maior parte das pessoas elimina a carne e seus derivados por conta própria, sem se preocupar com a reposição de nutrientes essenciais.

— Quando corta todos os produtos de origem animal da alimentação e não compensa com outros alimentos, a pessoa pode apresentar deficiência de cálcio, de ferro e de gordura. Isso compromete o colesterol e pode causar anemia — adverte Patrícia.

Rica em fibra, pobre em gordura

De um modo geral, a nutrição vegetariana atende com maior facilidade aos requisitos de uma dieta saudável. Rica em fibra e pobre em gordura saturada, com ela é possível o equilíbrio entre proteínas, carboidratos e lipídeos, que preenchem as necessidades diárias de minerais e vitaminas, destaca a nutricionista clínica Sálua Finamor.

— Quando planejada adequadamente, a dieta vegetariana é saudável e resulta em benefícios à saúde, tanto na prevenção quanto no auxílio do tratamento de certas doenças — explica Sálua.

As razões que levam alguém a aderir ao vegetarianimo não se restringem à busca de uma vida mais saudável. Muitos deixam de comer carne por questões ambientais e por serem contrários ao sacrifício de animais. Em seu livro Vegetarianismo e Ciência, o médico Julio César Navarro cita um relatório da FAO, a unidade das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, que aponta que a produção de 250 gramas de hambúrguer libera tanto gás estufa para a atmosfera quanto um carro durante uma viagem de 15 quilômetros.

Seja por ideologia ou por causa da saúde, não há idade para se iniciar uma dieta desse tipo de acordo com os especialistas. Mesmo grávidas e crianças, conforme a obra de Navarro, podem adotar o vegetarianimo. A ADA (American Dietetic Association), órgão de saúde americano, afirma que as dietas lacto-ovo-vegetarianas, quando adequadamente planejadas, podem satisfazer as necessidades nutricionais de bebês, adolescentes e adultos, promovendo um crescimento normal.

— Apesar das comprovações científicas, acho importante não condicionar uma criança à alimentação vegetariana. Pode-se oferecer a opção de comer ou não carne, sempre cuidando obviamente para que se esteja ofertando uma dieta saudável, com todos os nutrientes, para a idade. Devemos deixar que no futuro a pessoa decida o que é melhor para si, para os animais e para o ambiente em que vive — salienta Sálua.

O churrasco dos veganos

Os hábitos alimentares da antropóloga Maria de Nazareth Agra Hassen, 50 anos, e do marido, João Carneiro, 46 anos, editor e presidente da Câmara Rio-grandense do Livro, há cinco anos, mudaram da água para o vinho. Ou melhor, da carne para o brócolis. A família e os amigos acharam que sairiam perdendo, já que João era o churrasqueiro oficial dos domingos. Para a alegria de todos, a churrascada do fim de semana foi mantida. Só que agora, nos espetos da residência do casal, entram apenas carne de soja, legumes, frutas e verduras. De início foi estranho, confessa Nazareth, mas depois tudo virou diversão.

Hoje, Nazareth se sente bem melhor, e sua saúde nunca esteve tão boa. Exames periódicos mostram que ela está bem nutrida. Como é vegana, não se aventura em nada que tenha origem animal, mas faz reposição de vitamina B12 a cada seis meses.

— Comer ficou bem mais divertido, agora que não é mais só para matar a fome.

Pensamos em tudo para montar um prato saboroso e saudável — conta a antropóloga, que decidiu ser vegana por compaixão aos animais.

Para Maria de Nazareth e João, seus pratos ficaram mais bonitos. A não ser a extinção dos cortes bovinos, nada mudou na confraria da churrasqueira.

— churrasco vegetariano me ajuda a evitar a famosa barriguinha. De resto é tudo igual. Tomamos cerveja, espetamos a carne de soja como se fosse uma peça de matambre, com tempero de véspera. Tem o pão com alho e também a salada de maionese, feita com batata, isoflavona (substância derivada da soja que substitui o ovo), aipo e cenoura — destacou João.

Conheça os tipos de vegetarianos

:: Ovolactovegetarianos: Alimentam-se de ovo e de derivados do leite.

:: Lactovegetarianos: Comem derivados de leite.

:: Vegetarianos total ou veganos: Não comem produto de origem animal.

Os benefícios

A dieta vegetariana pode ser usada na prevenção de doenças e como auxílio em tratamentos, conforme a ADA (American Dietetic Association):

:: Doenças do sistema digestivo: A alta ingestão de fibras faz com que as deposições fecais sejam mais volumosas e suaves, permitindo uma frequência maior de evacuação. Em geral, pessoas vegetarianas sofrem menos de síndrome do cólon irritável, apendicite aguda, hemorróidas e úlceras

:: Obesidade: A taxa de obesidade é menor em vegetarianos. Com isso, previne-se cardiopatias e problemas de colesterol e triglicerídeos

:: Diabetes tipo 2: Melhora o controle da glicose e favorece a manutenção de níveis desejáveis de lipídeos

:: Infarto: Redução do número de mortes em 31% em homens vegetarianos e de 20% em mulheres que seguem a dieta

:: Colesterol: Os níveis são 14% mais baixos em vegetarianos

:: Osteoporose: Mulheres após a menopausa com dieta rica em proteína animal e pobre em proteína vegetal têm taxa mais alta de perda óssea e risco maior de ter fratura de quadril

:: Envelhecimento: Repercute no bom funcionamento dos órgãos e em uma aparência física mais saudável

Os 4 pecados

:: Falta de orientação: Por ser uma atitude que mexe nos hábitos alimentares, é necessário buscar o auxílio de especialistas, que vão personalizar seus pratos e lanches levando em consideração peso, altura, hábitos

:: Monotonia: Não variam a dieta e comem todos os dias os mesmos alimentos. É preciso variar a alimentação, criar pratos novos e incrementar com legumes, frutas e verduras diferentes

:: Tendência a refinados: A carne vermelha provoca uma sensação de saciedade. Por isso, a primeira atitude de alguém que a retira da alimentação é correr para carboidratos e frituras. Para ser saudável, deve-se substituí-los por produtos integrais, do arroz ao pão

:: Deixar de repor nutrientes: Uma avaliação periódica de minerais, proteínas e vitamina B12 é necessária. Suplementos alimentares podem auxiliar.

Faça um cardápio saudável

Saiba como repor a perda de ferro decorrente da retirada da carne da alimentação:

:: Coma feijão preto, lentilha, ervilha, soja, tofu, gão-de-bico, cereais integrais, gema de ovos, vegetais folhosos verdes (couve, espinafre, brócolis, folhas de beterraba), castanhas (caju) e sementes (semente de abobora, gergelim), frutas secas (damasco, ameixa, passas de uva)

Alimentos que aumentam a absorção de ferro

:: Sucos ou frutas ricos em vitamina C, como laranja e acerola

:: Alimentos com cobre, como leguminosas (feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico), gema, brócolis, milho, beterraba, alho, rabanete, figo, ameixa, laranja, cogumelo, castanha-do-pará, amêndoas, nozes, melado, farinha de soja, trigo integral, aveia, cevada, centeio

:: Alimentos com ácido fólico, como, nozes, feijão, vegetais de folhas verde escuras, levedo, brócolis, beterraba, alface, grão-de-bico, laranja, couve-flor, banana, lentilha, cenoura, melão

Alimentos que diminuem a absorção de ferro (não devem ser consumidos uma hora antes, nem uma hora depois das refeições)

:: Chá mate, preto, chimarrão, chocolate, café, refrigerantes, espinafre e beterraba crus e chocolate

Preste Atenção

:: Vegetarianos têm menor necessidade e maior absorção de nutrientes. Conforme a nutricionista Claudia Malmann, o organismo se adapta à falta de carne. Por exemplo: o ferro dos vegetais não é tão bem absorvido como o de origem animal, porém, o consumo de vitamina C da dieta vegetariana compensa o déficit desse nutriente.

*Esta reportagem foi sugerida por Maria de Melo